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Tolerância e compreensão


Para uma melhor compreensão, vamos definir tolerância e compreensão. Utilizando o dicionário eletrônico Houaiss podemos selecionar as definições abaixo:

Tolerância

1 tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas.

2 faculdade ou aptidão do organismo para suportar a ação de certas substâncias.

3 fenômeno caracterizado por uma diminuição dos efeitos sobre o organismo de uma dose fixa de substância química à medida que se repete sua administração.

Tolerante

1 que desculpa certas falhas ou erros.

Compreensão

1 faculdade de entender, de perceber o significado de algo; entendimento.

2 espírito de complacência, indulgência ou simpatia para com as dificuldades de uma pessoa, os óbices que venham a suceder numa ocorrência qualquer etc., resultante do conhecimento prévio deles por parte daquele que reage.

Compreensivo

1 apto a compreender os outros; que demonstra compreensão, simpatia, boa vontade.

2 que admite com facilidade o ponto de vista alheio.

No nosso caso, consideremos as definições abaixo como mais adequadas:

Tolerância – capacidade de suportar situações que produzam incômodo.

Compreensão – capacidade de entender as diversas formas de comportamento humano, seus valores, seus costumes, seus modos de agir, de pensar e de viver, mesmo não concordando com eles.

Segundo Milton Erickson, a mente consciente é o estado de percepção imediata, o que está presente no momento e a mente inconsciente é formada por todos os aprendizados no decorrer da vida e nos serve no funcionamento automático. Vamos utilizar esses conceitos para demonstrar que se pode alterar o nível de tolerância a partir de mudanças que promovemos em nós mesmos através da mente consciente, que é a porta de entrada para o inconsciente.

Temos que muito de nossos aprendizados se deram através do consciente e depois passaram a ser controlados pelo inconsciente, que é extremamente mais eficiente no controle automático. Isso aconteceu quando aprendemos a andar, falar, ler, escrever, nadar, andar de bicicleta, dirigir e inúmeras outras habilidades. Todas essas ações começaram pelo consciente e à medida que íamos praticando cada uma delas, íamos fixando e promovendo a inserção dessas habilidades na mente inconsciente. A cada treino consciente as habilidades se desenvolviam melhor e se fixavam mais profundamente no inconsciente. A partir de um determinado momento, essas atividades passaram a ser totalmente inconscientes. Ninguém pensa em como andar, simplesmente anda. Tudo que se faz é decidir aonde ir, o restante é feito automaticamente.

No entanto, não é somente pela força do consciente que se dá essa aprendizagem. Somos bombardeados por inúmeros eventos quase que imperceptíveis durante nossa vida. O que ouvimos e não registramos conscientemente, também pode ser implantado em nosso inconsciente. Assim, somos influenciados por todas as pessoas que nos relacionamos, pelos anúncios de TV, leituras, letras de músicas e diversos outros fatores, sem nos darmos conta. Muito de nossa falta de tolerância pode ter sido assimilada e automatizada sem que tenhamos tido consciência. Isso pode ter acontecido ao presenciarmos nossos pais ou pessoas próximas se queixando contra esses “abusos”, por exemplo. As reações deles podem ter sido assimiladas por nós, ficando latentes em nosso inconsciente, até que uma situação similar aconteça e reagimos de modo intolerante, automaticamente. A cada reação dessas se intensifica nossa intolerância. Se esses limites foram estabelecidos sem nosso conhecimento, certamente podemos alterá-los de acordo com nossa vontade. E da mesma forma que aprendemos as habilidades já expostas, podemos “treinar” nossa mente a ser mais tolerante. Assim procedendo, poderemos desenvolver essa habilidade em relação às questões que considerarmos indesejáveis. Com o treino, nossa relação acabará por se tornar automática, isto é, passaremos a reagir de acordo com o que estabelecemos para nós sem a necessidade de pensarmos sobre como reagiremos a elas.

Então, por que não experimentar?

A tolerância está intimamente ligada a compreensão. Sempre que compreendemos e aceitamos um determinado acontecimento, não nos incomodamos com ele. Supomos que Zuleide considere absurda a ideia de que alguém tenha um animal de estimação em seu apartamento. Isso está implantado em sua mente inconsciente. Seu vizinho da porta ao lado resolve adotar um cachorrinho. Como todo filhote, ele chora até se adaptar ao novo ambiente. Esse fato vai de encontro ao pensamento de Zuleide que considera o fato absurdo. Então ela começa a se incomodar com o choro do animalzinho. Dependendo de sua irritação pode vir a reclamar com o vizinho e mesmo criar uma animosidade entre eles. Se Zuleide modificar seu estado de compreensão, passando a admitir que, embora ela não goste de animais em apartamentos, que outras pessoas possam gostar, ela passará a dar menos importância a esse fato e, na maioria das vezes, sequer ouvirá o choramingo do bichinho.

Vemos então que, havendo compreensão, acabamos nos tornando mais tolerantes.

Desenvolvendo a compreensão

Como vimos que a tolerância está relacionada a compreensão, vamos analisar como desenvolver a compreensão. Isso é relativamente simples, basta se imaginar na situação do outro, com seu grau de instrução, vivência familiar, costumes, dificuldades etc. Se conseguirmos perceber que essas diferenças podem influir no comportamento delas, então se pode compreender porque agem assim. Se conseguimos compreender, então poderemos estipular um nível de aceitação para esses casos.

Desenvolvendo a tolerância

O que é ser tolerante?

Ser tolerante não é não se aborrecer e nem se irritar com nada, é, antes de tudo, uma decisão pessoal. Ser tolerante não é uma aceitação incondicional de tudo. Ser tolerante é ser capaz de escolher como deseja se sentir, independentemente das condições que se apresentem.

Você deve ser tolerante com tudo?

Primeiramente, a escolha deve ser nossa. Nós podemos decidir com o que é útil sermos tolerantes e com o que devemos nos empenhar para conseguir mudar.

Por que ser tolerante?

Que busca o ser humano senão o bem-estar? Ser tolerante nos permite fluir em direção a esse bem-estar, harmonizando-nos.

Você acredita que pode ser tolerante?

Se você responder sim a esta pergunta, reflita sobre os pontos abaixo, caso não acredite, pule as perguntas abaixo e continue a sua leitura, ao final, você pode sentir que existe alguma possibilidade de mudança e, quem sabe, resolva experimentar.

  • Realmente você está disposto a ser tolerante?

  • Quais situações você quer ser mais tolerante?

  • Quais situações você prefere lutar para mudar?

  • Como ser tolerante?

Para se ser tolerante primeiramente é necessário se ter esse desejo. Depois, pode-se promover uma análise sobre a situação que incomoda, procurando encontrar justificativas para a situação. Se nós conseguirmos compreender a situação e descobrir que não podemos mudá-la, fica mais fácil nos empenharmos em desenvolver a tolerância para essa situação especial.

Como desenvolver a tolerância

1 Por atitudes dos outros – aumentar a compreensão, criando mentalmente justificativas que permitam aceitar melhor o comportamento dos outros.

  • No trânsito – Fornecer desculpas para a atitude do outro, como: pode estar levando alguém doente; está com muita pressa etc. Seja generoso e altruísta, evite dificultar a vida do outro.

  • No trabalho – Procure compreender que cada um tem seu próprio conceito do que deve fazer. Evite atritos e aceite a postura dos outros, podendo até considerá-la inferior, mas mantenha-se firme em seus propósitos sinceros.

  • Com os vizinhos, procure compreender a dificuldade deles em conseguir que seus filhos se comportem adequadamente. Procure entender que algumas pessoas costumam se irritar até mesmo com os menores ruídos.

  • Com pessoas andando lentamente na sua frente e dificultando sua passagem quando você está apressado ou atrasado para algum compromisso, permita-se ver que elas estão no ritmo que lhes é próprio.

2 Consigo mesmo – procure compreender e aceitar as limitações ainda existentes e trabalhar para obter novas conquistas.

3 Contra incômodos em geral – (atitudes provocativas, barulhos excessivos e demais situações em seja difícil eliminar o desconforto) – transformar o desconforto de modo a se poder aceitar com maior facilidade. Importante é evitar se revoltar.

  • Dormir com luz acesa e barulhos.

  • Ficar confortável com barulhos.

  • Administrar a dor, aceitando-a, diminui a sensação de desconforto. Evitar revolta.

  • Birra das crianças – deixar chorar, espernear etc.

  • Provocação dos outros. A resposta pode ser uma atitude inesperada.

  • Dando aulas a crianças e adolescentes – procure entender como é o relacionamento de cada um dos alunos e adote as atitudes que poderão ser mais adequadas em cada caso. Por exemplo: os adolescentes gostam de chamar a atenção e serem aceitos no grupo de colegas. Assim, fazê-los se sentirem diferentes dos colegas em suas atitudes pode favorecer a inibição desse comportamento inadequado e fortalecer um comportamento mais adequado com todos da turma.

Se decidir ser tolerante, terei que ficar me esforçando todas às vezes?

Conforme vimos acima, através do treinamento com relação ao que deseja ser tolerante, nossa mente inconsciente vai assimilando nossa nova maneira de reagir a esses fatos e passará a nos guiar de forma natural e tranquila. Apenas para elucidar, tomemos o seguinte exemplo: Uma pessoa que não tinha interesse em comprar um determinado tipo de automóvel, quando um amigo fala sobre esse carro com ela, ativa sua mente e, sem que ela faça esforço algum, passará a ver esse carro com uma frequência que não via antes. Será que passou a haver mais carros desses em circulação? Não, é que a mente inconsciente passou a considerar esse carro de uma forma especial. Assim, como ele passou a ter mais importância que os outros, nossa mente nos faz ter maior percepção sobre ele e nos mostrar “todas” as vezes que ele aparece, enquanto antes ele era apenas mais um carro nas ruas. O aprendizado inconsciente funciona assim.

Nosso objetivo com esse texto é ajudar as pessoas a serem tolerantes com coisas que não tem importância relevante em nosso dia a dia, fazendo com que possamos viver uma vida mais livre e nos importar apenas com o que realmente desejamos nos importar, com objetivo de nos melhorar como pessoas.

Se você sentir dificuldades em seguir algumas de nossas proposições, entre em contato explicando sua dificuldade. Para algumas pessoas talvez seja interessante fazer uma psicoterapia com a finalidade de se aprimorar os relacionamentos interpessoais.


Lembre-se: a tolerância não deve coadunar com o abuso.


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