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Hipnose

Após os resultados alcançados pelo Dr. Milton Erickson a hipnose passou a ser mais bem estudada e a ser incluída no processo terapêutico como uma ferramenta capaz de facilitar o processo de mudança. É um processo que visa trazer a tona os recursos que o paciente possui, mas que não estava utilizando.

Ela é utilizada com bastante êxito no tratamento de: ansiedade, alcoolismo, compulsões, depressão, drogadicção, disfunções sexuais, fobias, obesidade, tabagismo, tiques etc. 

Milton Erickson - Qual é a melhor técnica?

História

O hipnotismo é conhecido há milênios, tendo sido praticado em diversas civilizações antigas como o Egito, Grécia e Roma. Também foi e ainda é utilizado por diversas seitas religiosas, mesmo não sendo assim denominado. Esta prática também pode ser encontrada entre os indígenas nas Américas através das curas realizadas pelos pajés.
 

A hipnose se tornou mais conhecida da ciência através dos estudos de Mesmer com o magnetismo. Embora seus estudos não tenham sido acolhidos pelas universidades europeias, seus ensinamentos ganharam o mundo. James Braid, após assistir a uma sessão realizada por Mesmer na Inglaterra, ficou interessado em compreender o processo. Ele aprendeu a técnica e a estudou, passando inclusive a utilizá-la em cirurgias de correção de pé chato. Por compreender, inicialmente que era um estado de sono, passou a denominá-la de hipnose, termo originário do grego (hypnos - sono). Mas foi Charcot que a introduziu no campo universitário, embora acreditasse que esta técnica só podia ser usada com histéricas. Freud inicialmente desenvolveu seus trabalhos com a hipnose, mas gradativamente a relegou ao esquecimento enquanto desenvolvia a psicanálise.
 

A hipnose só retorna a cena com Milton H. Erickson, que passou a utilizá-la em seus tratamentos psicoterápicos e desmitificou seu uso e desde então novos pesquisadores tem dedicado seu tempo visando compreender e utilizar em benefício da comunidade.

 

O que é hipnose?

 

A hipnose pode ser entendida como um estado de consciência modificado em que a pessoa transita entre o consciente e inconsciente. Nestes momentos é como se houvesse uma amplificação das percepções, o que facilita a promoção das mudanças necessárias.

 

É um estado em que a percepção externa diminui, podendo a sensação corporal ser diferente, os sons externos diminuírem ou se mesclarem ao processamento interno.

 

Dependendo dos objetivos a serem trabalhados, pode-se promover um transe passivo ou ativo. No transe passivo somente o hipnotizador fala, apresenta sugestões e facilita a elaboração interna de modo suave e relaxante. No transe ativo o paciente é levado a entrar em contato com suas emoções e as verbalizar para o hipnotizador. A terapia é realizada no estado de transe.

 

Mitos

 

Muitos mitos cercam a hipnose e é importante saber sobre eles quando se submete a um tratamento com sua utilização, vejamos:

  • Uma pessoa pode ser hipnotizada contra sua vontade? Sim, é possível. Entrar em transe é uma faculdade natural que todos possuem. Deste modo um hipnotizador pode induzir um transe sem que a pessoa  perceba.

  • Pode-se ficar permanentemente hipnotizado? Não, em um transe o que pode ocorrer é a pessoa dormir, mas ela acorda como se acorda de um sono natural.

  • Fica-se dependente do hipnoterapeuta? O objetivo clínico é obter o alívio procurado e poder seguir por sua própria conta.

  • Pode-se induzir uma pessoa a fazer algo contra sua vontade? É difícil, pois o paciente rejeita as sugestões que não estão em sua escala de valores.

  • Só quem tem mente fraca é suscetível a hipnose? Não, a hipnose pode ser realizada com qualquer pessoa, embora algumas pessoas respondam melhor as induções.

  • Fica-se inconsciente durante a hipnose? Num transe profundo pode parecer que o hipnotizado está totalmente inconsciente, mas ele responde às sugestões apresentadas, o que não ocorre no sono fisiológico. Já o transe leve assemelha-se a quando se fica parado, aparentemente sem pensar e somos trazidos de volta por algum amigo nos interpelando sobre nosso desligamento.

  • O hipnotizador tem poderes especiais? Não, na realidade é uma questão de treinamento. Algumas pessoas, no entanto, têm mais habilidade em induzir ao transe.

 

Diferença entre a hipnose tradicional, a ericksoniana e a condicionativa

 

A hipnose tradicional utiliza sugestões padronizadas para cada sintoma diagnosticado no paciente. É realizada de fora para dentro, é impositiva e impessoal.

A hipnose ericksoniana é permissiva, feita de dentro para fora, personalizada. Pode ser realizada de modo formal ou natural, através da conversa hipnótica na qual o hipnoterapeuta dirige a atenção do paciente para dentro, a fim de facilitar o processo. O Dr. Erickson utilizava os recursos internos do paciente e o transe como via de eliciar esses recursos. No transe se objetiva trabalhar com o consciente e o inconsciente juntos. Para ele, o consciente é o estado da percepção imediata, o que está presente no momento e o inconsciente é formado por todos os aprendizados no decorrer da vida e que nos servem no funcionamento automático.

A hipnose condicionativa trabalha dentro de quatro vertentes básicas: Condicionamento Interno (fisiológico), Condicionamento Externo (meio ambiente), Descondicionamento de registros traumáticos e Recondicionamento de registros mentais motivacionais, implantados diretamente na mente em forma de “gatilhos” e "bloqueio direto das cargas emocionais de registros mentais negativos", atendendo as mais diversas situações e necessidades, sempre trabalhando o lado positivo da mente, possibilitando a multifuncionalidade e multiaplicabilibade das técnicas, sem contraindicações.

 

Uso da hipnose

 

A hipnose pode ser utilizada em diversas situações terapêuticas, pois seu uso facilita o processo e encurta o tempo de tratamento. Na Terapia Ericksoniana, em diversas oportunidades, utilizamos a conversa hipnótica a fim de promover um processamento mais rápido por parte do paciente. Em outras situações, no entanto, pode-se utilizar a indução formal, passiva ou ativa, como explicado acima.

 

Regressão e progressão

 

Na Abordagem Ericksoniana a regressão ou progressão (projeção no futuro) são diferentes das propostas em TVP (Terapia de Vivências Passadas). A regressão é realizada em certas situações, mas apenas tomando-se em consideração a vida atual do paciente, podendo o paciente regredir ao momento em que o trauma se estabeleceu. Na progressão o paciente é conduzido a imaginar-se após a conclusão da terapia ou realização de algum feito desejado pelo paciente. Já na Hipnose Condicionativa a regressão é trabalhada na dessensibilização dos traumas e realizada para rastrear o passado indo até a gestação e nascimento e a progressão contribui na mudança dos padrões de pensamento, comportamento, sentimentos e atitudes, através de imagens que aparecem na mente de forma involuntária.

 

Algumas considerações

 

A hipnose suscita ainda hoje muita divergência. É possível encontrar muitas explicações diferentes, sem, contudo, nenhuma delas estar totalmente incorreta ou correta. Aqui procurei expor o modo como a percebo e trabalho. Outros profissionais que utilizam a hipnose ou a Abordagem Ericksoniana podem proceder de modo diferente. O sucesso de uma psicoterapia está na escolha da técnica e na interação entre paciente e terapeuta.

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