top of page

T D A H - Transtorno de Défict de Aprendizagem e Hiperatividade

Márcio Antonio Altilio Moreira
Psicólogo - CRP 04/13451

Definição

TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade “consiste num padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, mais frequente e grave do que aquele tipicamente observado nos indivíduos em nível equivalente de desenvolvimento”. (DSM-IV) De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção e Hiperatividade (ABDA), é um “transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a vida”.  
As principais características do transtorno são desatenção, hiperatividade e impulsividade, acima da média esperada para a sua faixa etária. Esses sintomas normalmente já estão presentes antes dos sete anos de idade, mas frequentemente é detectado na idade escolar, uma vez que os sintomas passam a interferir diretamente em suas condutas ou no aprendizado.  
 
Causas do TDAH

A origem do transtorno parece estar ligada a uma predisposição genética. É frequente que na linha ascendente familiar se encontrem outros portadores de TDAH. Embora ainda não se tenha conhecimento de um exame preciso para diagnosticar o transtorno, há evidências de que sua origem está relacionada ao funcionamento dos neurotransmissores, notadamente dopamina e noradrenalina, responsáveis pela transmissão entre os neurônios.
 
Sintomas

O diagnóstico de TDAH deve ser realizado por um profissional médico ou psicólogo. Existem outros fatores que podem apresentar semelhanças com o TDAH e que necessitam ser avaliados antes de um diagnóstico conclusivo. Outro problema é o da rotulação feita através de observação insuficiente dos sintomas o que pode agravar o quadro. Os dados a seguir fornecem alguns indicativos para que se procure orientação especializada para o diagnóstico.
Existem três tipos de TDAH, o tipo predominante desatento, o tipo predominante hiperativo-impulsivo e o tipo combinado.

Desatenção:

  • Não presta a atenção a detalhes ou comete erros por omissão ou descuido;

  • Apresenta dificuldades em manter a atenção em atividades simples do cotidiano;

  • Parece não ouvir o que lhe dizem, fica aéreo;

  • Tem dificuldades em organizar tarefas ou atividades;

  • Distrai-se com facilidade, perdendo o foco nas coisas que estava fazendo ou ouvindo;

  • Esquece de fazer as obrigações diárias, mesmo já tendo sido alertado sobre isso;

  • Perde ou esquece de fazer coisas necessárias às suas atividades;

  • Evita se envolver em atividades que exijam esforço mental constante, exceto naquelas que lhes despertam muito interesse.

 

Hiperatividade:

  • Inquieto, agita pés e/ou mãos ou se remexe muito na cadeira;

  • Tem dificuldade de permanecer sentado;

  • Tem dificuldades em se envolver em atividades que exijam silêncio ou ficar muito parado;

  • Quase sempre parece estar em altíssima velocidade, como se estivesse “a todo vapor”;

  • Fala demasiadamente.

 

Impulsividade:

  • Tem dificuldades em esperar a sua vez;

  • Intromete-se em assuntos que não lhe diz respeito;

  • Interrompe as pessoas quando estão falando com ele ou com outras pessoas;

  • Não espera a conclusão de uma pergunta para responder;

  • Muitas vezes não lê as frases até o final, emitindo respostas precipitadas.

 

É importante saber que estes sintomas também podem ser apresentados por crianças que não possuem TDAH, a diferença é a constância ou a quantidade deles. Existem também outros transtornos que podem apresentar alguns dos sintomas acima. Por esta razão, reforçamos a orientação de que esta relação seja utilizada apenas como uma hipótese diagnóstica. Ao suspeitar da existência do TDAH deve-se agendar consulta com médico neurologista ou psicólogo que esteja familiarizado com o transtorno.
 
Comorbidades

De acordo com Rohde et al (2.000) as pesquisas mostram uma alta taxa de comorbidade entre os portadores de TDAH. Dentre eles destacamos:

  • Depressão

  • Transtorno da Conduta

  • Transtorno Desafiador de Oposição

  • Transtornos da Aprendizagem

  • Transtornos de Ansiedade

 

Vários estudos têm demonstrado alta incidência de abuso ou dependência de drogas entre os portadores do transtorno. Essa incidência pode estar relacionada ao portador que também sofre do Transtorno de Conduta. Neste caso o abuso de substâncias pode estar relacionado a esta comorbidade.
 
Problemas emocionais

Além das comorbidades acima, o portador do transtorno pode desenvolver outras perturbações de ordem emocionais, tais como:

  • Adotar comportamentos inadequados;

  • Autoestima baixa;

  • Dificuldade de memorização;

  • Dificuldade de relacionamento;

  • Dificuldade de saber o que quer para si;

  • Frustra-se facilmente por não conseguir levar nada até o final;

  • Humor variável;

  • Instabilidade;

  • Intolerância a situações monótonas;

  • Sensação de que não faz nada direito, é um fracasso.

  • Sente-se deslocado, fora do lugar;

  • Sente-se impotente para fazer o que acham que é o correto;

  • Sente-se inferior em comparação com os demais;

 

Tratamento

O tratamento do TDAH normalmente requer uma abordagem multidisciplinar, com intervenções farmacológicas e psicossociais.
No tratamento farmacológico, feito sob supervisão de médico neurologista, normalmente é utilizada como primeira escolha substâncias estimulantes, onde o uso maior recai sobre o metilfenidrado, que é encontrado no Brasil com os nomes de Ritalina ou Conserta. A segunda opção recai sobre os antidepressivos, mas outras medicações podem ser utilizadas, dependendo se o TDAH está ligado a comorbidades. De qualquer modo a ação medicamentosa tem demonstrado eficácia em, pelo menos, 70% dos casos.

 

A medicação prescrita pelo médico dificilmente causará dependência e poderá ser mantida enquanto os sintomas prejudicais estiverem presentes.


No tratamento psicossocial, deve-se orientar a família fornecendo informações precisas sobre o transtorno e ensinando estratégias para facilitar a convivência com os portadores. Também, normalmente, são necessárias intervenções no âmbito escolar, orientando aos professores e demais funcionários que atuam no ambiente educacional. Como a prevalência do transtorno é de 3 a 5%, já existem instituições que se prepararam para cuidar destes alunos, mas pode ser necessária alguma comunicação mais específica sobre o aluno.


A psicoterapia individual é indicada, principalmente, para o tratamento das comorbidades (ansiedade, depressão e transtornos de oposição ou de conduta) e sintomas emocionais (baixa autoestima, dificuldades de relacionamento etc.), que normalmente acompanham o transtorno.


Outras intervenções como a psicopedagógica, psicomotricidade e fonoaudiológica também podem ser necessárias.
 
Psicoterapia

O tratamento psicoterápico é embasado na Abordagem Ericksoniana, mas são articuladas outras técnicas para trabalhar aspectos específicos. Cada paciente é tratado de maneira única nas questões que realmente ele apresenta e a terapia é exclusiva para ele.
Na interação psicoterápica obtêm-se dados dinâmicos da personalidade e que serão o objetivo do trabalho. Em geral, o portador de TDAH apresenta baixa autoestima, frustração, dificuldades de relacionamento, irritabilidade, desinteresse, variações frequentes de humor etc. O que ele apresentar será trabalhado, principalmente em apontar seus recursos e apresentar perspectivas de futuro.


Apesar de ser classificado como transtorno devido às dificuldades em se posicionar frente ao mundo, o portador de TDAH possui também potenciais positivos que podem ser estimulados e ser bem sucedido em atividades que exijam uma atenção difusa ou dinamismo, por exemplo. As habilidades são desenvolvidas gradativamente, começando-se pelas de menor complexidade e menor resistência. No início de cada sessão se verifica o progresso obtido, reforçam-se os objetivos e em caso de sucesso total, ratifica-se o recurso e inicia-se o trabalho de desenvolvimento de outra habilidade. O desenvolvimento das habilidades, a rigor, consiste em treinamentos em que são propostas diretrizes que poderão levar o paciente a uma atitude diferente frente às situações experimentas em seu dia a dia.

Orientações

Para a escola

Para os pais

 

Bibliografia Específica do Transtorno

  1. DSM-IVTM – Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. trad. Cláudia Donelles; – 4ª ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  2. MATTOS, Paulo. No mundo da Lua: Perguntas e respostas sobre o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Lemos Editorial, 2006.

  3. REINECKE, Mark A. et all. Terapia Cognitiva com Crianças e Adolescentes: manual para a prática clínica. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

  4. ROHDE, Luis Augusto, BARBOSA Genário, TRAMONTINA, Silzá e POLANCZYK, Guilherme. Revista Brasileira de Psiquiatria. Sup II, p. 07-11, 2.000.

  5. Site: www.tdah.org.brTranstorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade.

bottom of page